Faleceu Manuel Ramirez, o diplomata das conservas

Ramirez Conservas | A mais antiga fábrica de conservas | Faleceu Manuel Ramirez, o diplomata das conservas

Faleceu Manuel Ramirez, o diplomata das conservas

08/03/2022 Manuel Guerreiro Ramirez, que era o presidente do conselho de administração da Ramirez & (Cª), Filhos, SA, faleceu hoje, aos 80 anos, no hospital, onde estava internado desde o início de 2022. Nascido a 1 de setembro de 1941 em Vila Real de Santo António, Manuel Guerreiro Ramirez dedicou mais de 60 anos da sua vida à indústria de conservas de peixe, com a qual tomou contacto aos 15 anos de idade.
Desses tempos, recordava com saudade o «doce e desaparecido aroma a atum cozido, que invadia as narinas de todos em Vila Real de Santo António». Bisneto do fundador da Ramirez, Manuel Ramirez operacionalizou em 2015, com os filhos, a nova unidade industrial da empresa em Matosinhos – a Ramirez 1853 – localidade para onde o seu pai Emílio, neto do fundador, tinha na década de 40 deslocado a principal fábrica da família.

Viveu e formou-se em Hamburgo, Londres e Paris. Na Alemanha trabalhou numa fábrica que produzia e comercializava conservas de arenques. Em Inglaterra trabalhou na área comercial de um ‘broker’ da City de Londres. Em França cursou Engenharia Alimentar, com especialização em conservas.
Foi presidente da Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP) e da Associação Europeia dos Processadores de Pescado (AIPCEE), qualidade em que, fazendo uso de toda a sua diplomacia, conseguiu unir a família europeia das conservas nos grupos de trabalho Atum e Sardinhas e fazer promulgar pela Comunidade Europeia a denominação de origem da ‘sardina pilchardus walbaum’ (pescada nas águas portuguesas e usada nas conservas ‘made in Portugal’), em detrimento de outras espécies da América do Sul, como a ‘sardinops sagax’. Foi também diretor da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), no seio da qual desenvolveu o Código de Boas Práticas Comerciais, bem como da Associação Comercial de Lisboa. Durante várias décadas, e à semelhança do pai, foi também cônsul da Finlândia, responsabilidade que, entretanto, transmitiu ao filho Manuel Teixeira Marques Ramirez.

Criou laboratório próprio de controlo de qualidade e batalhou pela introdução de redes de frio e congelação, que, há mais de 40 anos, revolucionaram as relações laborais no setor, ao permitir emprego a tempo inteiro.
Manuel Guerreiro Ramirez foi também o responsável pelo desenvolvimento e introdução mundial das latas de conservas de peixe tal como hoje são conhecidas – com argola de abertura fácil e sem necessidade de chave – tendo dedicado três anos de trabalho a este projeto, até encontrar o ponto de equilíbrio da incisão da tampa que favorecesse uma abertura fácil, mas sem comprometer a segurança da lata.

Em 2015, o empresário inaugurou aquela que é apresentada como ‘a obra da sua vida”’ – a fábrica “Ramirez 1853”, em Lavra, Matosinhos – que foi a primeira unidade nova da empresa em mais de 70 anos e que é considerada, por auditores internacionais, como uma das fábricas mais “verdes” e funcionais do mundo no setor agroalimentar.
Conciliando duas das suas paixões, a engenharia alimentar e a saúde, lançou, em 2020, o TunaFunctional, uma conserva funcional de atum, testada cientificamente, que favorece o reforço do sistema imunitário, a preservação da saúde e o bem-estar.


Ramirez Conservas | A mais antiga fábrica de conservas | Faleceu Manuel Ramirez, o diplomata das conservas
× Loja Online